quarta-feira, 8 de junho de 2011



A CAIXA DE PANDORA


Texto: Humberto Leal

Você sabe o que quer dizer a expressão: “Abrir a Caixa de Pandora”? E por que a usamos?
Para castigar o homem, Zeus ordenou a Hefesto (Vulcano), o Deus das Artes, que modelasse uma mulher semelhante às deusas imortais e que ela fosse muito dotada. A mulher ainda não havia sido criada. Poucas horas depois, Hefesto chegou com uma estátua de pedra que retratava uma belíssima e encantadora donzela. Ela era linda e clara como a neve. Atená (Minerva) lhe deu a vida com um sopro e ensinou-lhe a arte da tecelagem; os outros deuses dotaram-na de todos os encantos: Afrodite (Vênus) deu-lhe a beleza, o desejo indomável e os encantos que seriam fatais aos indefesos homens; Apolo conferiu-lhe a voz suave do canto e a música; as Graças embelezaram-na com lindíssimos colares de ouro e Hermes (Mercúrio) concedeu-lhe a persuasão, em outras palavras, deu-lhe graciosa fala e encheu o seu coração de artimanhas, imprudência, ardis, mentira e astúcia. Por tudo isso, ela recebeu o nome de Pandora ("a que possui todos os dons"). E, da forma mais perfeita e eficaz, fez-se o malefício.
Zeus enviou Pandora como presente a Epimeteu, cujo nome significa "aquele que pensa depois" ou "o que reflete tardiamente". Epimeteu havia sido avisado por Prometeu para não aceitar nenhum presente dos deuses, mas, encantado com Pandora, desconsiderou as recomendações do irmão. Pandora chegou trazendo em suas mãos um grande vaso (pithos = jarro) fechado que trouxera do Olimpo como presente de casamento ao marido. Pandora abre-o diante dele e de dentro, como nuvem negra, escapam todas as maldições e pragas que assolam o planeta, desgraças que até hoje atormentam a humanidade. Pandora ainda tenta fechar a ânfora divina, mas era tarde demais: ela estava vazia, com a exceção da "esperança", que permaneceu presa junto à borda da caixa, a única forma do homem para não sucumbir às dores e aos sofrimentos da vida.
Assim, essa narração mítica explica a origem dos males trazidos com a perspicácia e astúcia “daquela que possui todos os dons”.
Pandora, por não ter nascido como uma deusa, é conhecida como uma semideusa. Dizem que foi por ambição que ela abriu a caixa, pois queria tornar-se uma deusa do Olímpo e esposa de Zeus. Por isso, Zeus, para castigá-la, tirou-lhe a vida. Mas Hades, com interesse nas ambições de Pandora, procurou as parcas (dominadoras do tempo) e pediu-lhes para que voltassem o tempo, mas, sem a permissão de Zeus, elas nada puderam fazer. Hades convenceu o irmão, Zeus, a ressuscitar Pandora, e este ainda concedeu-lhe a divindade que ela sempre desejara. Foi assim que Pandora tornou-se a deusa da ressurreição. Para um espírito ressuscitar, Pandora entrega-lhe uma tarefa, se o espírito a cumprir, ele é ressuscitado. Pandora, com ódio de Zeus por tê-la tornado uma deusa sem importância, entrega aos espíritos somente tarefas impossíveis. Assim nenhum espírito até hoje conseguiu nem conseguirá ressuscitar.
Desse mito ficou a expressão “Caixa de Pandora”, que se usa em sentido figurado quando se quer dizer que alguma coisa, sob uma aparente inocência ou beleza, é na verdade uma fonte de calamidades. Abrir a “Caixa de Pandora” significa que uma ação pequena e bem-intencionada pode liberar uma avalanche de repercussões negativas. Há ainda um detalhe intrigante que poderíamos levantar: por que a esperança estava guardada na caixa entre todos os males? Dependendo da perspectiva em que olharmos os pares de opostos, a esperança pode também ter uma conotação negativa, minando as nossas ações e fazendo aceitar coisas que deveríamos confrontar.
Agora que você já sabe, reflita!!!

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